Ambos são diferentes e os mesmos ao mesmo tempo? Um é o avô e outro o bisavô? Se pensarmos através da concepção de Orixá enquanto energia fica difícil de entender que uma Energia seja mais “velha” ou “nova”. Essa tentativa de explicação surge com a influência do candomblé que tentou explicar os mistérios desses Orixás através da mitologia e dos contos, que por terem campos de atuações que à primeira vista são parecidos fica evidente que, se a explicação não for minuciosa, surgirá equívocos sobre o entendimento dos mesmos. Com isso entendido, podemos começar a explicar as diferenças desses sagrados Orixás e seus campos de atuação.

Omolu:

É o Orixá masculino assentado no polo negativo do Trono da Geração. Seu mistério atuante é o que permeia os próprios mistérios da morte (desencarne), perceba que ele é em si um mistério a partir de seu próprio mistério ativo. Pai Omolu atua no desligamento do espírito à matéria e na condução desse mesmo para as zonas da vida (dimensões, mundos, esferas e etc) da qual tenha merecimento. Omolu é um dos guardiões divinos “que consagram a si e à sua existência, como divindade, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida” (Saraceni, 2008). Para melhor entende-lo, temos que lembrar que ele está assentado no polo negativo do Trono da Geração, no polo positivo temos Yemanjá como estimuladora da geração e da criatividade nos seres, logo, Omolu será o agente paralisante dos seres que se desvirtuam e atentam contra os princípios da Geração Divina. Temos por geração tudo aquilo que cria e desenvolve, podendo ser ideias, projetos, princípios, pois tudo isso geramos, não tão somente o ato sexual. Se pudermos resumir, Omolu é o Orixá que cuida dos seres que se negativam ante os processos criativos e gerativos da vida.

“Se Omolu rege sobre o ‘cemitério’ e sobre os espíritos dos ‘mortos’ é porque esses espíritos atentaram contra a vida ou algum dos seus sentidos. Logo, só deve teme-lo quem assim proceder, pois aí, queira ou não, será alcançado por sua irradiação paralisadora que atuará sobre seu magnetismo e o enviará a um meio onde só seus afins desequilibrados vivem” (Saraceni, 2008). Perceba que nosso amado pai Omolu pouco é punitivo ou maldoso, somos seres regidos por leis e é através delas que podemos nos expressar no mundo e será por amor que Omolu nos conduzirá para suas zonas da vida paralisadoras para que todo nosso negativismo e desequilibro possa ser esgotado e possamos voltar a gozar da vida como ela realmente é aos olhos do Criador.

Obaluaê:

Pai Obaluaê é o Orixá masculino que está assentado no polo positivo do Trono da Evolução, seu campo de atuação é o das passagens de um nível vibratório, ou estágio da evolução, para outro. É aqui que começa a confusão com Omolu, já que ambos possuem campos próximos mas muito distintos entre si. Enquanto Omolu atuará no desencarne do ser, Obaluaê atuará na redução do corpo plasmático do espírito para que se tenha afinidade e se conecte com o novo invólucro carnal. Para que possamos melhor entender as diferenças, temos que lembrar dos Tronos do Conhecimento de Deus da qual esses Orixás fazem parte, um está assentado no Trono da Geração e o outro no Trono da Evolução. Se Omolu “cuida” da passagem do desencarne, será Obaluaê que se consagrará como o Senhor das Passagens porque tanto rege as passagens das linhas evolutivas e da encarnação, como rege também a passagem de faixas vibratórias. Perceba que Omolu tão somente cuida da passagem da morte pois está no polo negativo da geração e a geração é a vida em si, resumidamente, se Yemanjá gera a agregação de Oxum, entre os gametas masculinos e femininos, será por excelência que Omolu “romperá” esse laço e conduzirá o espírito “rumo ao desconhecido”.

Perceba que facilmente é confundido o campo de atuação desses Orixás, mas com uma explicação um pouco mais detalhada se torna nítida a diferença entre eles. Essas são algumas das diferenças entre os Orixás em questão, mas se já é difícil explicar, igualmente será o entendimento. Apenas deve-se ficar claro que ambos Orixás são diferentes e atuam de formas distintas nos seres que se encontram, temporariamente ou não, sob sua tutela.

Referências: Rubens Saraceni no livro “Orixás – Teogonia de Umbanda”.

Fonte: Umbanda Explica

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